Por "COISAS DA VIDA", acabei de passar por uma situação altamente constrangedora que me abalou, por pouco que tenha sido, o meu estado de ânimo, fazendo-me encarar de uma maneira sutil os sentimentos de outrém; entendê-los de que são raios, senão, lampejos de cérebros atormentados; de cérebros que não usam o hemisfério lógico e racional e se expõem; se desnudam como andarilhos maltrapilhos que possuem as parcas roupas esfarrapadas e esgarçadas mostrando o corpo sujo, magro e fétido. Assim é que, numa bela manhã tive uma espécie de revolta; uma espécie de rebelião dos íntimos que me constituem.
O primeiro a se rebelar foi a PELE. Como uma sobra sorrateira chegou até mim e disse, sem rodeios, sem titubear:
"MEU AMO, (como se assim eu o fosse), estou lhe deixando. Chega de viver o que não quero viver.Estou saturada de solidão; de não ser acariciada por mãos de mulher alguma. Chega! Prefiro viver a incógnita do que o real,sempre sem amor. Vou partir em busca de um corpo que me receba e me sufoque de carinhos.
Ok!, disse-lhe eu. Faça como lhe aprouver.
O segundo foi o coração. Como um lobo da estepe chegou até meus ouvidos e sem maiores delongas, falou:
"MEU SENHOR" (como se assim eu o fosse) estou partindo; o estou abandonando. Cansei de pulsar dentro de um peito que não fremita por sentimento algum. Chega de receber misérias; chega de receber côdeas de pão, se os posso ter por inteiro. Estou iniciando uma nova jornada. Adeus.
Ok!, respondi-lhe. Faça como lhe aprouver.
O terceiro foi a alma. Como uma estrela cadente chegou-se até os meus ohos e fitando-os com o palor indizível de sua estrutura, disse, sem pensar no estrago que poderia me acarretar as débeis palavras:
"MEU SONHADOR" (como se eu assim o fosse)estou de malas prontas. Vou percorrer novas plagas em busca de um grande amor. Há muito que você deixou de amar e, eu, não sei viver sem amor.
Ok!, balbuciei ( alma me doeu mais). Faça como lhe aprouver.
Por um século ou talvez mais, não vivi. Apenas vegetei, já que tinha sido destituído do meu arcabouço. Creio que me transformei em uma árvore e assim, vegetal, cumpri a minha sina de ser uma homem abandonado.O tempo passou e, quando já estava me acostumando com a minha nova vida; com a minha nova forma, eis que os rebeldes a mim se apresentaram. Como náufragos se aproximararm e imploraram o meu perdão. O sofrimento estava estampado no semblante de todos. No momento pensei em me vingar e expulsá-los. Não me deixaram? Por acaso se apiedaram da minha dor de ser um abandonado? Mas, em um átimo recebi-os de volta e, contentes se regozijaram no meu âmago. Em instantes, a casca rachou; os galhos se partiram; as raízes secaram e as folhas caíram. De árvore, voltei ao estado de HOMEM.
MORAL da História: Ninguém, mas ninguém mesmo, consegue se ausentar de mim. Não adianta tentar. Mais dia, menos dia, as coisas voltam a ser como são. Basta apenas ter paciência e saber esperar. As coisas acontecem como se um peixe fisgado tentasse fugir. Por mais que lute, chegára às mãos do pescador. Assim, acontece comigo.
Mas, de qualquer maneira: FAÇA COMO LHE APROUVER!
domingo, 10 de agosto de 2014
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