quarta-feira, 28 de abril de 2010

SÃO TANTAS AS DESILUSÕES...

São tantas as desilusões...
Desilusões que se assemelham a seixos
Seixos inertes, rudes e escarpados que ferem
Ferem-me os pés causando horrendas feridas
Feridas que sangram e alimentam famintos vermes
Vermes que se enrodilham na carne nauseabunda
Nauseabunda são as moscas que pululam frenéticas
Frenéticas e vorazes as desilusões devoram-me a alma
Alma que por séculos e séculos se viu atormentada
Atormentada pelas tantas desilusões
Desilusões de querer ter sido sem nunca ter sido
Sido apenas um alguém que imaginou um dia Ser
Ser e somente Ser... nada mais que ser um homem
Homem atormentado pelo desejo de existir
Existir um norte por onde mirar e caminhar
Caminhar por vales fecundos e não por sendas repletas de cardos
Cardos que ferem o corpo e alma sem dó nem piedade
Piedade peço ao Deus supremo e oro de joelhos
Joelhos rotos e feridos pelo tanto ajoelhar nos seixos
Seixos que forram a trilha por onde devo viajar
Viajar sem sentido de se sentir o que realmente se é
É a sina que ora vivo por pensar que um dia fui
Fui sempre um espectro marcado pelas desilusões
Desilusões do amor que nunca quis por um instante de mim se apossar
Apossar dos meus sonhos que povoam as noites insones e frias
Frias sinto as mãos que sempre abarcaram o vazio
Vazio de sentimentos que olvidaram o meu coração
Coração idiota que sempre creu naquilo que nunca existiu
Existiu promessas vãs como fiapos de pele compridos
Compridos são os rios que me conduzem e que nunca se cruzam
Cruzam os meus caminhos apenas as desilusões
Desilusões... Ah, são tantas as desilusões.

Um comentário:

  1. Meu velho e cansado amigo Poeta, simplesmente ler, reler, e se transportar as cenas das frazes, e no fundo sentir, sentir no bom sentido, um pouquinho de inveja em não saber trasnformar em palavras nossos sentimentos, falta-nos essa veia poetica que lhe e peculiar, que maravilha
    Um grande abraco
    Laércio

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