65. O PENHASCO
Aos meus olhos à beira do penhasco
A ravina se mostrava nua em sua altivez:
Dela, emergiam fluídos das flores agrestes
E, borboletas, planavam, pelo espaço.
Cervos e corças pastavam indolentes
Salvos de seus predadores mais ferinos.
A paz reinava no celestial paraíso,
E, o sol, injetava seus raios refulgentes.
No cimo do penhasco as nuvens dançavam
Envolvendo-me numa suave aura de poesia,
Como um fauno saciado de amor e lasciva,
Prostrei-me na relva, onde, flores, vicejavam.
Um falcão peregrino voava por sobre mim
Descrevendo círculos sob as nuvens altaneiras.
No penhasco, tudo acontecia, em formas e maneiras
Singulares, que me preenchia, de um sentimento, sem fim.
Oh! Deus, como é belo o mundo visto do penhasco
Em sua quietude e mistério de vidas de outrora,
Sou teu ente escolhido para desfrutar desde a aurora
Até o sol poente desse misterioso e simples espetáculo.
Um suave torpor invade-me o corpo enquanto desfruto
Das maravilhas que o penhasco encerra em seu perfil.
Ainda, deitado na relva esmoreço num sono senil
E, sonho, com amores e ilusões... Sentimentos obscuros.
Enfim, o negrume chega e com ela o fim da minha contemplação
Das coisas que se projetam à luz do dia e somem à sombra da lua:
A ravina com sua misteriosa beleza desmaia nas brumas,
O falcão com seus volteios... Apenas um ponto na escuridão.
Finalmente, chegou a hora de me despedir do penhasco
Embora a minha alma dele já seja eterna submissa,
Ou, mesma, uma amante a lhe oferecer infindas carícias.
Adeus!, grito em plenos pulmões... Adeuss... Ecoa, pelo espaço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário