terça-feira, 6 de outubro de 2015

A TARÂNTULA

A tarântula passeava com seu corpo negro
Sobre o corpo alvo da mulher que dormia.
Estático, eu, contemplava o terrível perigo
Que ela, a minha amada, sem o saber, corria.

O temível aracnídeo desfilava suas pinças peçonhentas
Pelas entrâncias e reentrâncias da ninfa em sua inocência.
Parecia que a mulher se transmudou em um bibelô
E, imóvel, não sentia as patas galgando seu belo rosto.

Por uns instantes de terror senti um calafrio na medula
Quando ela, resolveu dormitar nos seios róseos e túmidos,
Como se fora os lábios do amante que insano suga
Os mamilos eretos de frutas raras; dois pomos maduros.

Maldita tarântula que indolente desceu para o ventre ebúrneo
E, se enroscou, lânguida, no caracol enovelado  do púbis
Onde fios perfumados e sedosos exalavam um perfume etéreo.
E, teve como prêmio, pela sua investida, o raro botão: o rubi.

Desperto da letargia em que estava arremessei a tarântula; o monstro
Num gesto tresloucado, próprio do amante insano, sem avaliar
O perigo a que estaria expondo a mulher que dormitava no leito
E, que sonhava viver o amor; viver uma vida para  me amar.

Num suspiro débil e cheio de provocações ela acordou e me sorriu.
Num canto, retorcendo-se nos estertores da morte a tarântula
Me olhou, e se amedrontou com o meu olhar férreo e febril.
Ela renasceu, sem o saber; a tarântula, morreu, na penumbra.    

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