Quando ela partiu esqueceu o estojo de maquiagem
Sobre a penteadeira, ao lado do gato de porcelana.
Saiu, com os cabelos molhados, na doída friagem
Da noite de inverno e, desfilou, como, uma dama.
Sozinho, fiquei na alcova onde a penumbra reinava,
Como ela reinou nos momentos em que me fez feliz.
Embriagado pelo vinho e pelas ardentes carícias,
Sentia-me um robô e, assim já o vinha, pela tarde gris.
Antes de sair do ninho do amor inaudito, vislumbrei
O estojo prateado onde ficava o seu odor de fêmea,
Com gestos trêmulos tive-o nas mãos e, aspirei
Os eflúvios que saíram de sua pele suave e trêmula.
Oh, troféu bendito que hoje guardo em meu quarto
Como se fora o mais requisitado tesouro da Pérsia.
Tenho-o não como um frio objeto feito de alabastro,
Mas, sim, como, o corpo sedutor da mulher-fera.
Nunca mais a vi para lhe devolver o seu estojo fiel
Dela, as notícias feneceram como folhas secas na estiagem.
Porém, ela vive para mim ao lado de uma estrela no céu
E, nunca se apagará enquanto eu tiver o ESTOJO DE MAQUIAGEM.
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
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