segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A CAMPA

Era uma tarde fria e cinzenta que caía no cemitério.
Uma neblina toldava a visão que descortinava a paisagem,
Impedindo que os olhos vissem os totens funéreos,
Que se perfilavam dentre as raras e pobres folhagens.

Por entre as vielas repletas de tocos de vela derretidos,
Eu, seguia, como um autômato à procura da Campa Santa.
De quando em quando o meu coração sangrava, ferido,
Pela perda da moça da trança sedosa, comprida e, loura.

Sim, a perdi em um tempo remoto que não sei precisar,
Nem mesmo dela ainda hoje consigo uma imagem real.
Sei e muito sei que vivi só para a idolatrar...
Ah, destino ingrato que a levou para a morada celestial.

Num repente, eis-me frente à tumba encardida pelo tempo,
Pelas ervas e líquens que hoje formam sua bela trança.
Cabisbaixo, dobro os joelhos e relembro o belo rosto
E, choro, por ter herdado um cemitério de desesperança.

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