sexta-feira, 12 de maio de 2017

A GAROTA DA RODA-GIGANTE

A garota da roda-gigante conquistou o meu coração
Na primeira noite em que o parque se instalou
No terreno baldio da praça da Matriz, quando então
Eu a vi, de tranças caídas, sobre a blusa de ban-lon.

Por noites sucessivas trocamos olhares enigmáticos
Não demonstrando, talvez, a nossa excessiva timidez.
Para mim ela era a rainha  dos incríveis brinquedos
Que atraíam o povo, ávidos, por momentos felizes.

Mas, do que ela mais gostava era da roda-gigante
Que levava os jovens a sonharem nas alturas.
Volta e meia, ela dava várias voltas estonteantes
Soltando gritinhos de medo na doida aventura.

Então, uma noite de lua cheia, repleto de coragem
Aproximei-me da garota e lhe ofereci companhia.
Num repente, tendo os cabelos tocados pela aragem
Ela, sem titubear me convidou para a roda-viva.

Quando o banco balançou e balançou, na subida íngreme
Senti o seu corpo se aconchegar junto ao meu corpo.
Num ímpeto tresloucado segurei sua mão fremente
E, de olhos fechados, nos beijamos... um beijo morno.

Desde essa noite então, passei a sonhar com a excelsa magia
Do encanto que me possuiu, que me fez inocente amante...
Da querida garota ficou apenas a recordação da carícia:
Meu primeiro beijo no sacolejar da RODA-GIGANTE.

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