quinta-feira, 11 de maio de 2017

A OLEIRA

Saia levantada... Pernas roliças, morenas e torneadas
Colo arfante... Seios túmidos, afoitos e oferecidos
Ventre trêmulo... Carne tenra, lisa e perfumada
Olhos fagueiros... Iris rutilantes ,olhares esquivos.

No chão de terra batida os pés socam o barro viscoso
Como se estivessem pisando em brasas refulgentes.
O sol, queima a sua tez, como se fora o duro lenho,
Na ardência do ritmo marcado pelo chicote inclemente.

Escrava, bamboleia o corpo sensual no árduo labor
De ser OLEIRA, na fazenda do senhor de Engenho
Seu amo, seu patrão, que a despreza e lhe causa dor
Ignorando os seus trejeitos que o inundam de desejos.

Porém, assim que o sol se põe e a noite chega silente
A Oleira, recolhe-se para a mísera cabana barroteada
Onde o catre de varas recebe o seu corpo fremente
Para mais uma infinda noite onde, "puta", reinará.

Sim, de dia, ela é a submissa amassadora de barro
Mas, ao escurecer, quando a coruja pia indolente
Ela, se transmuda na  "puta" do patrão, macho bárbaro
Que a possui, que a sodomiza, em seus desejos dementes.

Oh! Oleira, que inferniza as noites dos escravos ensandecidos
Que sonham em ter em seus catres o corpo rijo e encharcado
Do suor que brota em borbotões dos poros e da grêta inchada
Sonhos...Sonhos que se convertem em agoniados urros.

Para mim, a Oleira, nunca se fez de rogada, de mulher difícil
E, sempre que a desejei, ela se entregou, no frenesi da paixão.
Fui por um século o seu amo, o único que ficou, que existiu
Em sua vida... OH!, OLEIRA, nunca saia do meu coração.

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