sábado, 11 de julho de 2015

A TAPERA!


Perdida nas entranhas do grotão envolto em neblina
Deixei a tapera por onde habitei uma vida infeliz.
Nela sonhei e tive pesadelos dantescos em noites vazias
E, fui homem ou espectro de homem, quanto muito quis.

Cheguei à tapera numa tarde de choro e muito desespero
Tentando me afastar daquilo que sempre me martirizou.
Andarilho, palmilhei as sendas da desilusão e do medo
De em chegar, encontrar o vulto que sempre me acompanhou.

Num repente, tomei posse dos míseros aposentos abandonados
Por alguém, que, quem sabe como eu, tem a alma em ruína.
Jogado os trastes no chão de terra batida tendo os pés esfolados
Me banhei num mar de lágrimas que vertiam das baças pupilas.

A primeira noite foi povoada de imagens tristes e assustadoras
Que me fizeram gemer como se fora a presa nas garras do tigre.
A madrugada chegou silente e me despertou da modorra
Em que estava para mais um dia de insidioso avilte.

Estava fugindo de um amor que me deixou ausente da felicidade
Atirando-me sem dó nem piedade no abismo da desilusão
Como se eu fora apenas uma pedra e, nunca, um belo jade.
Sim, uma pedra inerte, fria abandonada no leito do grotão.

Por um século fui morador desta tapera que só abriga fracassados
Ou, mesmo, desiludidos e desterrados do amor que sonharam.
Para que meus pés não criassem raízes no sujo e vil ninho,
Saí, cambaleante, sem notar que as paredes frágeis desabaram.

Fugir do grotão se tornou o meu lenitivo para recomeçar uma vida
Sem sonhos, sem ilusões, sem amor e sem vontade de viver.
Se, fui feliz ou infeliz na tapera só o tempo, quem sabe, um dia dirá.
O que sei e bem sei é de que da TAPERA, eu nunca vou me esquecer.

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