Ah, que saudades sinto dos brinquedos
Que povoaram os meus dias de criança,
Quando os sonhos eram simples desejos
De brincar e ser feliz nas festas e festanças.
Eu tinha uma caixa de sapatos e quatro carretéis
E, com eles, construí o mais belo caminhão.
Pela rua empoeirada eu carregava os "réis"
Abarrotados na carroceria para comprar o pão.
Com seis xuxus verdes e alguns palitos pontudos,
Num instante mágico que muito me alegrava
Eu tinha uma manada de bois, todos marrudos,
À minha mercê e, claro, algumas gordas vacas.
Rasgando uma folha branca do caderno de caligrafia
Usando da habilidade pertinente a um construtor
Criava um barco que em suaves rodopios navegava
Pela sarjeta embalado pela enxurrada que vinha dos morros.
Um caco de telha me bastava para riscar a amarelinha
Na calçada de cimento que ladeava a imponente Matriz.
Vinham as meninas e rindo saltavam como ágeis cabritas
Os quadrados, sempre ganhando e, me faziam feliz.
Com os "réis" amealhados no ofício de engraxar sapatos
Comprava dúzias de bolinhas de gude, que pareciam vidros.
Jogando "picova", ganhava ou perdia, não importando o ato.
Importava sim, bater as bolinhas e ouvir o suave tinido.
Quando tinha às mãos duas latinhas de maça de tomate
E, alguns metros de linha de carretel da mais grossa
Construía em um instante um perfeito telefone
Para falar com a menina cujo pai me deu uma coça
Com um aro velho da roda de uma bicicleta
E, um arame grosso encurvado na ponta
Eu rodava a armação pelas ruas sempre desertas
Da várzea dos passarinhos numa corrida louca.
Ah!, quantos brinquedos eu tive nos meus dias de inocência
Sendo todos eles por mim construídos e guardados com carinho.
Tenho deles a melhor das recordações nestes dias de sonolência
Em que vivo. Longe deles, sou infeliz. Hoje, senil, não mais brinco
quarta-feira, 1 de julho de 2015
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