O vulto sempre teimou em não me deixar;
Por onde que eu andasse ele era a sombra
Que me perseguia sem nunca desanimar.
O vulto sempre nu, nunca, vestido de roupa.
Com luar ou com o negrume da noite misteriosa
Ele me acompanhava sem sequer fazer ruído.
Para mim, ele era, os sonhos de outrora
Ou, as desilusões que me levaram ao abismo.
Pouco lhe dei importância por sabê-lo inerme,
Um seixo jogado na estrada que leva ao nada.
Algumas vezes senti piedade como se um verme
Vivesse em suas entranhas de ser um pária.
Ah, até que um dia, tive a maior e odiosa surpresa,
Quando ele, sem pedir licença, de mim se apoderou.
Imiscuiu-se em meu corpo e possuiu minha alma
Como se fosse o tigre que a presa conquistou.
Com ele, vivi, por séculos e séculos uma vida dupla
Sentindo o peso de se carregar um oceano de mistérios.
Tive-o, nas noites em que amei belas mulheres de rua,
Ou, nas alcovas em que possuí corpos tesos e ébrios.
Porém, hoje, já não mais o desejo ao meu lado, silente,
E, tudo faço para expulsá-lo do corpo, do coração e da alma.
Para isso, conquistei um novo amor, que me faz fremente
E, ignoro o vulto, que chora e suplica ao meu corpo, sua volta.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
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