domingo, 31 de janeiro de 2016

DE FLORBELA ESPANCA - POETISA PORTUGUESA


REALIDADE


EM TI O MEU OLHAR FEZ-SE ALVORADA
E A MINHA VOZ FEZ-SE GORGEIO DE NINHO...
E A MINHA BOCA RUBRA APAIXONADA
TEVE A FRESCURA PÁLIDA DO LINHO...

EMBRIAGOU-ME O TEU BEIJO COMO UM VINHO
FULVO DA ESPANHA, EM TAÇA CINZELADA...
E A MINHA CABELEIRA DESATADA
PÔS A TEU PÉS A SOMBRA DUM CAMINHO...

MINHAS PÁLPEBRAS SÃO COR DE VERBENA
EU TENHO OS OLHOS GARÇOS, SOU MORENA,
E PARA TE ENCONTRAR FOI QUE EU NASCI...

TENS SIDO VIDA PARA O MEU DESEJO
E AGORA, QUE TE FALO, QUE TE VEJO,
NÃO SEI SE TE ENCONTREI... SE TE PERDI...

PÁGINA 94



PUBLICADO NO LIVRO DE SONETOS CONTENDO OS LIVROS:
LIVRO DE MÁGOAS
LIVRO DE SOROR SAUDADE
CHARNECA EM FLOR
RELIQUIAE

EDITORA RELÓGIO DA ÁGUA.
ESTE LIVRO EU TIVE A FELICIDADE DE COMPRAR EM LISBOA, QUANDO ESTIVE EM PASSEIO EM PORTUGAL, EM, 15-06-2014.

A LAREIRA

Na alcova esplêndida a lareira gemia,
Enquanto o lenho crepitava ardente.
No colchão macio ela suspirava, lasciva,
Tirando as roupas com gestos cadentes.

No espelho no canto do quarto eu a via
Sensual, uma tigresa, esperando a presa.
Sim, no momento, eu era a presa indecisa
Se, me entregaria ou não, à sua sanha.

O calor foi tomando conta dos nossos corpos
Que nus, se ofereciam, às fagulhas, das labaredas.
Jogadas no chão estavam os minúsculos objetos,
Que, nunca cobriram dela, a pele alva e trêmula.

Sua pele excessivamente alva sobressaía na penumbra
Como a estátua de Afrodite em sua coluna de mármore.
Ah, somente a boca era a bússola que me atraía; rubra,
Para o encontro inevitável da mais ardente posse.

Durante horas a fio nos amamos molhados pelo suor,
Que se desprendia de nossos poros aos borbotões.
Nesses deliciosos momentos recebíamos o calor
Do lenho, que se incendiava, ao ouvir tantos palavrões.

Era madrugada alta quando a lareira deu sinais de morte
Aquecendo-nos com fraqueza pela diminuição das brasas.
Era noite de inverno, então, sem pensar, atirei fremente
As minúsculas lingeries, ao sabor das trêmulas fagulhas.

O último beijo no fez despedir da alcova onde fomos felizes
Sem ela, porém, lançar um último olhar de forasteira,
À aquela que nos permitiu uma posse sem um único deslize:
Sim, um olhar de gratidão à testemunha silente: A LAREIRA.







terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O CONTADOR DE ESTRELAS

Há muito tempo que eu tenho um sonho: CONTAR ESTRELAS.
Uma noite de céu estupidamente estrelado resolvi realizar este sonho, deveras,inusitado.
A noite estava fria. Era inverno e uma neblina fria cortava o meu rosto como uma navalha daquelas de barbeiro.
Agasalhado com um pulover e uma camisa de manga comprida e munido de uma possante luneta comecei a contagem.
Antes, devo informar que levei um leve acolchoado e me deitei nele. Deitado eu podia vislumbrar as estrelas com mais nitidez.
Por uns instantes fiquei fascinado com a quantidade de estrelas que fulguravam no céu escuro. Pareciam até vagalumes que eu caçava no meu tempo de criança na roça.
Fascinado pelo grandioso espetáculo, fiquei em dúvida por onde começar a contagem. Depois, de muito raciocinar resolvi que o melhor era marcar com um palmo de distância da Lua e ir contando, uma por uma, sem fazer distinção entre as que brilhavam mais e, as que, só tremeluziam, fracamente.
Antes porém, olhei para o relógio e vi que os ponteiros marcavam 10 horas. Com gestos metódicos abri o caderno de 100 folhas na primeira página, peguei a caneta e dei vazão ao meu sonho.
No início foi legal. De uma em uma eu já estava com o caderno pela metade e, foi quando aconteceu o pior: tinha esquecido de contar umas centenas que ficavam mais ao fundo ( fundo de quê?). Resolvi que devia iniciar novamente e, assim , o fiz. Já eram 4:30 h da madrugada quando chequei o número de estrelas e vi assustado: Sei trilhões, oitocento bilhões, quatrocentos e trinta milhões, novecentos e quarenta mil e quarenta e oito astros reluzentes, e, eu só tinha contado apenas dois palmos do Universo. Como poeta que o sou, fiquei estarrecido quando deixei de contar a Estrela Vésper e, para fazer justiça, resolvi reiniciar a contagem começando com ela. Estaca zero.
Deitado, creio que permaneci oito anos contando as estrelas. De dia eu dormia e comia uns talos de grama e à noite, antes da contagem, bebia um pouco de orvalho. Como era de se esperar fui definhando e o caderno já estava repleto. Sabendo que se assim o continuasse pouco tempo me restaria de vida resolvi nesta noite última fazer a derradeira contagem e, fiz.
Ao amanhecer somei todas as lampejantes estrelas do pedaço de Universo que elegi para registrá-las e tive a maior emoção no final. Eis o resultado meus queridos amigos leitores:
Apenas sete estrelas que não paravam de rodopiar em meu cérebro quando acordei do tombo que tinha levado e batido a cabeça numa pedra. Na relva ficou a marca do meu corpo desmaiado.
Contar estrelas do Universo? Ah!, nada mais que um sonho irrealizável.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

FLORES RARAS E BANALÍSSIMAS - LIVRO

Acabei de ler o livro FLORES RARAS E BANALÍSSSIMAS da escitora brasileira CARMEM L. OLIVEIRA. O LIVRO TRATA do relacionamento homoafetivo entre a poetisa americana ELIZABETH BISHOP e a socialite brasileira LOTA DE MACEDO SOARES, ocorrida na década de 50 e 60. O livro deu origem ao filme de mesmo nome interpretado por Glória Pires no papel de Lota. O filme é maravilhoso.
Sobre o Livro:
Flores raras e Banalíssimas conta a história do amor de duas mulheres notáveis,tendo como pano de fundo o Brasil dos anos 50 e 60, Elizabeth Bishop, laureada poeta americana, e Lota de Macedo Soares, que legou ao Rio de Janeiro um inusitado parque, verdadeiro poema urbano, o Aterro do Flamego.
A brilhante e detalhada pesquisa de Carmem L. Oliveira revelou uma mulher de vanguarda. Dona Lota, que desafiou as mesquinharias políticas e perseguiu um sonho estético enfrentando as fortes personalidades de Carlos Lacerda e Burle Max.
Este livro, cuja primeira edição empolgou a crítica e o público,revelou Elizabeth Bishop para além de sua poesia, como mulher e arguta comentarista do Brasil. Em estilo irônico, mas permeado pela ternura, Carmem L. Oliveira criou uma obra a um tempo documental e ficcional, onde convivem felicidade e tragédia, êxito público e desastres íntimos.
Após carreira de sucesso no Brasil,o livro foi publicado nos Estados Unidos, pela editora Rutgers, em tradução de Neil Besner. A unânime e entusiástica acolhida do livro valeu-lhe o alto prestígio dos prêmios Stonewall Book, da American Library Association, e Lambda Literaty Award.
Lota e Elizabeth moraram no Rio de Janeiro, em Petrópolis e em Ouro Preto.
Recentemente a casa de Elizabeth em Ouro Preto foi vendida por 3 milhões de reais.
Um dos poemas mais famosos de Elizabeth Bishop é : "A ARTE DE PERDER".

LOTA DE MACEDO SOARES - 16-3-1910/ 25-9-1967

ELIZABETH BISHOP - 08/02/1911 - 06/10/1979

LOTA MACEDO SOARES se suicidou por amor a Elizabeth Bishop

As duas tiveram ligação homoafetiva durante o período de 1952 a 1967.

domingo, 24 de janeiro de 2016

ESTRELAS FUGIDIAS

Estrelas fugidias são aquelas que fogem
pelo universo pontilhado de estrelas.
São estrelas também chamadas de cadentes
Que caem, à revelia, perante nossos olhos.
Quando menos esperamos as vemos riscando o céu
Como fios prateados de uma mantilha de seda.
Não escolhem lugar para fazer os seus traçados,
Não importando se é Norte, Sul, Leste ou Oeste,
Pois, isso, são definições abstratas, do homem.
Para se ver uma ou mais estrelas fugidias basta
Deitarmos numa planície onde não existe poluição (é raro).
Uma noite destas eu vi uma estrela fugidia e como aprendi
Quando era criança e inocente que podemos fazer um pedido
Que ela nos atende.
Sem titubear, pedi para que um grande amor acontecesse
Em minha vida, de homem solitário e descrente do amor.
A visão durou o tempo que dura um sonho: praticamente
Quase nada, mas, assim mesmo, a vi e, fiz o pedido.
Em seguida, adormeci junto à relva e tive um sonho:
Sonhei que uma estrela fugidia riscava o céu e pousou
Em meu peito.
Não era uma estrela , mas sim, o corpo ardente de uma mulher.
Por um longo tempo a acariciei com lascivia desmedida e, ela,
Também me acariciou enfurecida de desejos milenares.
Tudo se desfez quando um trovão arrebentou em algum lugar.
Acordado, esfreguei os olhos e por felicidade ainda
Pude contemplar uma estrela fugidia que fugia de mim para
O vazio do éter descomunal e incomensurável da desilusão.
Oh, Deus, quando verei novamente uma estrela fugidia?

MARIAS- SEM-VERGONHA


Era nosso hábito namorar no jardim da praça
Repleto de flores; as marias-sem-vergonha.
Elas medravam em todo canto cheias de graça
E, das cores mais diversas, sempre floridas.

Inexplicavelmente eu sempre colhia duas flores
E, as colocava, com carinho, nos cabelos negros.
Ao fazer isto ela me prometia muitos amores,
E, uma vida terna, um leito, para o meu aconchego.

Assim, que a a lua aparecia sobre a igeja Matriz
Nós nos encontrávamos no lugar florido e mágico.
Ali, entre beijos, abraços e "ais" ela era feliz
E, eu, então, sentia o coração explodir, num átimo.

De, anormal, só aconteceu quando estávamos imersos,
Num redemoinho de carícias junto a umas begônias,
Quando uma senhora, o rosto, coberto com um véu negro,
Nos disse à queima-roupa: "Que casal sem-vergonha!".

Rindos, nos abraçamos com maior efusão e beijos sem fim,
Da ranzinza, que devia chorar o despeito em sua fronha,
Por não ter um amor para amar e ser amada num belo jardim,
Onde floresceu o nosso amor e muitas MARIAS-SEM-VERGONHA.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

MARIA FELICIDADE

Quando foi apresentada a mim fiquei deveras contente
Pelo nome com que ela exigiu ser chamada, sempre.
É claro, que vislumbrei um futuro de amor ardente
Pelo simples alcunha, porém,linda, de, MARIA FELICIDADE.

Antes mesmo de me enlanguescer em seus ternos braços
Sonhei noites, com a felicidade, que ela me daria.
Tive até terríveis insônias de ficar sem os afagos,
Da bela mulher, que para mim, seria um mar de carícias.

Tive-a em pensamentos como uma mulher de simples inocência,
Que sentia a placidez em fazer um homem feliz e, por amor.
E,ao entregar tanto amor e carinhos fazê-lo pedir clemência,
No ardor da posse e,como prêmio, se contentar, com uma flor.

Ah, ledo engano, pois, após algumas noites de feliz arroubo
Tive a infeliz constatação de que tudo era uma inverdade,
Pois, ela, sem rodeios, pediu-me que lhe pagasse e, o logro
Ficou escancarado em sua boca que ria da minha ingenuidade.

Sonhos desfeito fiquei sabendo por outra vendedora de sonhos
De que ela, usava de seu nome para vender suas leviandades
Aos incautos, como eu, que necessitava de um porto-seguro.
Nuca mais me aproximei dela e maldigo seu nome:MARIA FELICIDADE.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

CITAÇÕES DO AUTOR


1. " O TEMPO QUE NOS FALTA, QUANDO FALTA TEMPO, É O TEMPO QUE NOS METE MEDO DE, AO TENTARMOS FAZER ALGO, FRACASSARMOS".

2. "A PONTE DO SABER OBEDECE AS MESMAS LEIS DA FÍSICA DOS SÓLIDOS, ISTO É, SE DISTENDE COM A INTELIGÊNCIA E, SE CONTRAI, COM A IGNORÂNCIA".

3. "QUEM SE ATEMORIZA COM AS TEMPESTADES, É PORQUE, SEMPRE, SEMEOU VENTOS".

4. "A MORTE NADA MAIS É DO QUE O COMPLEMENTO DA VIDA, POIS, AOS NASCERMOS, JÁ COMEÇAMOS A MORRER, PORTANTO, TER MEDO DA MORTE, É TER MEDO DA VIDA".

5. "O SUICÍDIO, NADA MAIS É, DO QUE, A EUTANÁSIA DA ALMA".

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

UMA NOTÍCIA DE ARREPIAR OS CABELOS

É UMA TRAGÉDIA a declaração do senhor Pedro Bial:
"Eu não consigo ler um livro" e, acrescentou: "O BBB é o meu incentivo intelectual". Será que alguém em sã consciência é capaz de se intelectualizar com as asneiras, idiotices, mesmices e cérebros vazios dos integrantes do grande circo?
A que ponto chegamos em matéria de cultura quando um "global" faz esta declaração e é publicada na Net.
Meus pêsames ao senhor Pedro Bial e, espero que no espaço sideral, os intelectuais que rondam as estrelas, nunca cheguem a saber desta trágica declaração. Já pensou, amigo leitor, Machado de Assis, Carlos Drumond, Jorge Amado, Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, Clarice Lispector e, tantos outros ilustres intelectuais escutarem Pedro Bial?
Para encerrar: Pedro Bial e os fanáticos pelo horrível e vazio BBB são uns desafortunados intelectuais e seguem sempre na contramão da CULTURA.
É isto aí!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O PILÃO DE CABREÚVA


O pilão foi entalhado num tronco de Cabreúva
Que se partiu ao receber uma descarga elétrica.
No chão, sem vida, foi esculpido entre sol e chuva,
Por mãos de artista, sensíveis, porém, férreas.

Durante um certo tempo foi ferido por ferramentas
Que faziam de seu cerne brotar a resina perfumada.
Às vezes o tronco gemia açoitado pelas tormentas;
Às vezes o lenho ferido, chorava nas machadadas.

Por fim, pronto o objeto, foi levado para a tapera,
Onde uma negra luzidia o esperava para socar o café.
O negro que o talhou, o derribou na suja e dura terra,
Como se ele fosse uma fera e, disse, à Negra: " Inté!".

Cabisbaixa a formosa mulher desviou o olhar malicioso,
Do corpo viril do homem que por ela muito se apaixonou,
E, entredentes, lábios fechados respondeu, num muxoxo:
- Inté!, e se recolheu para dormir e, muito, sonhou.

Pela tarde afora só se ouvia o socar da mão do pilão:
UM som forte, seco, que remedava o ronco de uma onça.
Para o negro era apenas o som débil do pulsar de um coração,
Saído do peito forte e sedutor da querida e sonhada moça.

Anos se passaram, e o pilão trazia um rachado, uma cicatriz
Pelo tanto socar em suas entranhas de lenho enrijecido.
Também o negro trazia o seu coração empedernido e infeliz,
Pelo tanto sonhar por uma negra que não viveu o seu destino.


Uma tarde de vento outonal onde as folhas caíam pela campina,
Fui, conferir a lenda de uma cruz de Cabreúva, no cemitério
Do povoado, onde moravam os negros do pilão e da tapera extinta.
Ao chegar li no lenho a inscrição:" Um pilão e, dois amores, eternos".

Assim, fiquei sabendo de que os negros concretizaram seus anseios
Casando-se em uma cerimônia simples num dia de sol e chuva.
A tapera que antes não tinha adorno, passou a expor o belo esteio,
Nada mais, nada menos, que o objeto do enlace: O PILÃO DE CABREÚVA!










quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A GAROTA DO PICOLÉ DE LIMÃO


Ela, sempre chegava no balcão e pedia: um picolé de limão,
Nunca mudando o pedido: nem coco, nem laranja, nem casquinha.
Eu, me postava frente à sua mesa e ficava mudo de admiração,
Mas, sem coragem de revelar a minha intenção de paquerá-la.

A sorveteria borbulhava de jovens em busca da guloseima.
Porém, indiferente a eles e a mim, ela lambia o picolé,
Fazendo trejeitos com os lábios, provocando a garotada
Que morrendo de inveja gesticulavam num doido banzé.

Uma tarde, cheio de coragem resolvi interferir em seu gosto,
E, ofereci para lhe pagar um picolé de coco queimado.
Imediatamente, ela olhou-me com desdém e para meu desgosto,
Disse: " Garoto, cresça e apareça" e, me deixou, pasmado.


Passaram se meses até que um dia a encontrei em outra sorveteria,
Agora, não mais, "coquete", mas sim, atrás do balcão, de avental.
Surpreso, ofereci-lhe um picolé de limão e vi em seu rosto a alegria.
O tempo passou, mas ela continuou para mim uma garota sem igual.


Hoje, estamos noivos e vivemos um grande romance apimentado,
Preparando-nos para um futuro promissor; a tão sonhada união.
Sempre nas tardes de domingo eu a levo de braços dados,
À sorveteria da praça e lhe pago um saboroso picolé de limão.




terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A MULHER DO SORRISO FÁCIL

Sempre ostentando no rosto um sorriso fácil
Ela, com sua simplicidade, muito me cativou.
Nunca vi em seus lábios um movimento contrátil
E, assim, sempre espontânea,nunca titubeou.

Uma amiga para os momentos alegres e tristes
De bem com a vida, apesar de alguns infortúnios,
Recebia a todos os seus "chegados": dedo em riste
Como a afirmar que "lamentos", são monte de entulhos

Que devem ser atirados ao lixo; um mar de asneiras
Para serem esquecidos e em seu lugar a perene alegria,
Deve germinar e crescer e dar frutos como macieiras.

Ah, mulher do sorriso fácil, de ti, trago recordações
Dos instantes em que vivemos exortando a bela vida.
Hoje,sei que estás a viver elegantemente as suas emoções.


domingo, 10 de janeiro de 2016

A GOIABA BRANCA

Sempre fui pedinte dos beijos marcados de carmim,
Porém, ela, altiva e indolente, jamais os doou.
Fiz muitas peripécias e artimanhas escusas;sem fim,
Para roubar um que seja, nada mais, que um doce beijo.

Foi tudo em vão e, ela, ria do meu tormento desvairado
Em ter os lábios borrados pelo batom perfumado e grudento.
Tentei de tudo! Até mesmo lhe propus ser seu escravo,
À sua externa disposição e ela negava num arfar sonolento.

Foi então que tive a ideia de lhe dar uma goiaba branca
Uma bem suculenta, sem casca, somente com a polpa: uma isca.
Sem titubear ela abocanhou a fruta com sua boca entreaberta
E com seus lábios sinuosos a marcou deixando a forma distinta,

De dois lábios com pequenas rachaduras que ficaram indeléveis
Na fruta, que, temerosa de ter "bichos", a atirou na sarjeta.
Assim que ela se foi, peguei com amor o fruto inefável
E, o guardei, em uma redoma, para beijá-lo, com frequência.

Durante anos, beijei e beijei a polpa com os lábios desenhados
Na ânsia de que um dia ela, compadecida, me oferecesse o seu beijo.
Diz-se que, quem não tem cachorro, caça com gato. Oh, destino ingrato.
Hoje, eu beijo uma goiaba com bichos e sou feliz: realizo meu desejo

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A CARTA!

A carta chegou após a briga estrondosa,
Que tivemos depois que ela soube da traição.
No início foi apenas uma discussão furiosa,
Que, instantaneamente, se transformou em furacão.

Alucinada, ela, nomeou-me, de palavrões impublicáveis,
Tendo os cabelos em desalinho e a face, lívida, de decepção.
Procurei, não dizer, no arroubo, palavras execráveis,
Tentando, assim, acalmá-la, e, trazê-la, à sábia razão.

Mas qual o qual, transtornada pela descoberta deplorável
De que eu a tinha traído com uma mulher qualquer da vida,
Cuspiu-me na cara, balbuciando que eu era um miserável.
Chorando e desgrenhada pelo ódio, partiu: mulher-ferida.

Alguns dias depois, recebi do correio a fatídica carta
Que sem maiores delongas me dizia do fim do nosso amor,
E, nela vinha duas pétalas de rosas de cor incerta,
Trazendo uma mensagem débil, que as memorizei de cor.

Os fragmentos das antes vistosas pétalas, agora pergaminhos,
Ou melhor, pedaços de pergaminhos, traziam, inscritos e indeléveis,
A frase mais doída, aterradora, que eu jamais, um dia, tinha lido:
" Se antes foste meu amor, hoje, você é, o mais asqueroso verme".


SOCORRO!!!! ME LEVEM PARA MARTE!

SOCORRO!!! ... ME LEVEM PARA MARTE!

Sim, depois de escutar a retrospectiva de 2015 e suas inúmeras tragédias; os inúmeros descalabros aplicados pelos Diretores de Empreiteiras e seus séquitos responsáveis pelos pagamentos das malditas PROPINAS; do Eduardo Cunha que fica até depois do Carnaval, talvez, depois da Semana Santa e, assim por diante, até o recesso do Congresso em Dezembro; que Renan Calheiros continua Presidente do Senado Federal; que prefeitos investigados juntamente com vereadores vão protelando os cargos com as brechas da Lei; que corruptos já sentenciados foram passar as festas de final de ano em casa, ou melhor, em MANSÕES; que malucos e psicopatas atiram com seus revolveres para comemorar as festas "natalinas" e as balas perdidas ( ou não perdidas) atingem inocentes que, ou morrem, ou ficam paraplégicos; que a Presidenta Dilma não está nem aí com o Impeachment, pois, sabe que na hora "H" os larápios do Congresso Nacional vão trocar seus votos por polpudas Emendas $$$$$$$$$; que a Educação Brasileira atravessa o seu pior momento (escolas invadidas por alunos que lá deveriam sim, preservá-la e usá-la em prol de seus desenvolvimentos intelectuais e emocionais; que a Saúde Pública está acometida de um câncer altamente AGRESSIVO; que este ano teremos eleições para eleger homens e mulheres corruptos, isto sem falar nos cantores sertanejos, de pagode e, principalmente analfabetos funcionais como o Tiririca; que os homens estão enlouquecendo e matando suas companheiras por quase nada; que mulheres dizem que vão à manicure e na realidade vão buscar outros prazeres (que o marido não dá) em Motéis; que o Futebol Mundial está contaminado pelos ladrões de colarinho branco; que a inflação não para de subir, juntamente com seu aliado o dólar... Enfim, quero ir para MARTE!
E, a vontade aumentou mais depois que soube que o meu time de coração está vendendo o melhor jogador Renato Augusto para a China e o Cássio para a Turquia e, tudo as vésperas da Copa Libertadores.
Ficou insuportável a permanência neste Planeta depois que a Coréia do Norte anunciou ter feito um teste bem sucedido com a Bomba de Hidrogênio, então, me lembrei das palavras de Einstein: A PRIMEIRA GUERA FOI COM MOSQUETÃO; A SEGUNDA GUERRA COM BOMBA ATÔMICA, A TERCEIRA GUERRA SERÁ COM A BOMBA DE HIDROGÊNIO E A QUARTA GUERRA SERÁ COM PAUS E PEDRAS.
Não quero estar aqui para viver e presenciar esta hecatombe mundial. Quero assistir de camarote de MARTE.
Sempre ouvi dizer que os marcianos possuem 4 pernas e 4 braços. Vou para lá para dar aulas de capoeira, mas, para isso é necessário que os meus amigos leitores me ajudem; me levem até a NASA para que eu possa me candidatar a morar em MARTE. Já temos uma professora do norte do Brasil que foi selecionada... um professor a mais ou a menos não vai fazer diferença
MARTE e seus marcianos, marcianitos e marcianitas que me esperem.
QUERER É PODER!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

POR QUÊ?

Por que vivo a dizer que amo você
Se, você, vive indiferente, a me ignorar?
Por que somos almas paralelas, singulares,
Se um dia, juramos, o mesmo caminho, trilhar?

Por que em tornar este amor alienado
Da realidade benéfica de sermos amantes?
Por que tens a felicidade em me ver sorumbático
Ao invés de se vangloriar em me fazer exultante?


Por que optastes em viver num mundo de fantasias
Se eu, sempre te ofereci o Universo de amor,
E, também, o prazer de um redemoinho de carícias?


Por que enfim, separaste-te de mim, sem piedade,
Sabendo que sem seus olhos, eu sou cego, sem fulgor?
Ah, como viver uma vida estéril? Por quê?... Por quê?