quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A CARTA!

A carta chegou após a briga estrondosa,
Que tivemos depois que ela soube da traição.
No início foi apenas uma discussão furiosa,
Que, instantaneamente, se transformou em furacão.

Alucinada, ela, nomeou-me, de palavrões impublicáveis,
Tendo os cabelos em desalinho e a face, lívida, de decepção.
Procurei, não dizer, no arroubo, palavras execráveis,
Tentando, assim, acalmá-la, e, trazê-la, à sábia razão.

Mas qual o qual, transtornada pela descoberta deplorável
De que eu a tinha traído com uma mulher qualquer da vida,
Cuspiu-me na cara, balbuciando que eu era um miserável.
Chorando e desgrenhada pelo ódio, partiu: mulher-ferida.

Alguns dias depois, recebi do correio a fatídica carta
Que sem maiores delongas me dizia do fim do nosso amor,
E, nela vinha duas pétalas de rosas de cor incerta,
Trazendo uma mensagem débil, que as memorizei de cor.

Os fragmentos das antes vistosas pétalas, agora pergaminhos,
Ou melhor, pedaços de pergaminhos, traziam, inscritos e indeléveis,
A frase mais doída, aterradora, que eu jamais, um dia, tinha lido:
" Se antes foste meu amor, hoje, você é, o mais asqueroso verme".


Nenhum comentário:

Postar um comentário