terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O CONTADOR DE ESTRELAS

Há muito tempo que eu tenho um sonho: CONTAR ESTRELAS.
Uma noite de céu estupidamente estrelado resolvi realizar este sonho, deveras,inusitado.
A noite estava fria. Era inverno e uma neblina fria cortava o meu rosto como uma navalha daquelas de barbeiro.
Agasalhado com um pulover e uma camisa de manga comprida e munido de uma possante luneta comecei a contagem.
Antes, devo informar que levei um leve acolchoado e me deitei nele. Deitado eu podia vislumbrar as estrelas com mais nitidez.
Por uns instantes fiquei fascinado com a quantidade de estrelas que fulguravam no céu escuro. Pareciam até vagalumes que eu caçava no meu tempo de criança na roça.
Fascinado pelo grandioso espetáculo, fiquei em dúvida por onde começar a contagem. Depois, de muito raciocinar resolvi que o melhor era marcar com um palmo de distância da Lua e ir contando, uma por uma, sem fazer distinção entre as que brilhavam mais e, as que, só tremeluziam, fracamente.
Antes porém, olhei para o relógio e vi que os ponteiros marcavam 10 horas. Com gestos metódicos abri o caderno de 100 folhas na primeira página, peguei a caneta e dei vazão ao meu sonho.
No início foi legal. De uma em uma eu já estava com o caderno pela metade e, foi quando aconteceu o pior: tinha esquecido de contar umas centenas que ficavam mais ao fundo ( fundo de quê?). Resolvi que devia iniciar novamente e, assim , o fiz. Já eram 4:30 h da madrugada quando chequei o número de estrelas e vi assustado: Sei trilhões, oitocento bilhões, quatrocentos e trinta milhões, novecentos e quarenta mil e quarenta e oito astros reluzentes, e, eu só tinha contado apenas dois palmos do Universo. Como poeta que o sou, fiquei estarrecido quando deixei de contar a Estrela Vésper e, para fazer justiça, resolvi reiniciar a contagem começando com ela. Estaca zero.
Deitado, creio que permaneci oito anos contando as estrelas. De dia eu dormia e comia uns talos de grama e à noite, antes da contagem, bebia um pouco de orvalho. Como era de se esperar fui definhando e o caderno já estava repleto. Sabendo que se assim o continuasse pouco tempo me restaria de vida resolvi nesta noite última fazer a derradeira contagem e, fiz.
Ao amanhecer somei todas as lampejantes estrelas do pedaço de Universo que elegi para registrá-las e tive a maior emoção no final. Eis o resultado meus queridos amigos leitores:
Apenas sete estrelas que não paravam de rodopiar em meu cérebro quando acordei do tombo que tinha levado e batido a cabeça numa pedra. Na relva ficou a marca do meu corpo desmaiado.
Contar estrelas do Universo? Ah!, nada mais que um sonho irrealizável.

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