quinta-feira, 31 de março de 2016

DOCE DE FITA


Sempre, à tarde, ela chegava no parque de diversões,
De tranças sobre os ombros e uma saia rodada.
Protegendo os seios túrgidos uma blusa de botões
Permanentemente abotoados nas "casas" intercaladas.

Trazia sobre o ventre uma caixa tingida de lilás,
Onde uma correia a mantinha pendurada no pescoço.
Nela, estavam os doces que eram vendidos na festa
Da Padroeira e, que atraíam, as moças e os moços.

Eu, sempre que a encontrava ficava rubro de timidez
E, gaguejava, ao pedir um quindim, qualquer que fosse.
Ela, sorrindo, me dizia: "Moço, tanto faz, como fez?"
E, me entregava uma cocada branca; a rainha dos doces.

Até que um dia, perdi a vergonha e pedi sem titubear
O doce que mais representava a sua beleza pálida:
Pedi um doce de fita que me fez na hora salivar,
Antevendo o sabor delicioso do inegualável "maná".

Recostado no carrossel de cavalinhos tirava pedaços
E, os comia, com requintes de um príncipe da Pérsia.
De olhos fechados sentia o sabor e o perfume próprio
Do "manjar" e, também, da moça, que vendia, doce de fita.

quarta-feira, 30 de março de 2016

VELÓRIO & VELÓRIO

Está aí um assunto que merece um pouco de reflexão. Por mais comum que seja participar de um velório como observador e, não como, ator principal, fica muitas considerações para serem discutidas, como por exemplo:
1. Os velórios são sempre iguais?
2. Os defuntos se parecem quando estão repousando na urna mortuária?
3. Os frequentadores assíduos de velórios denotam preferência por este ou aquele ritual funéreo?
4 A recepção, ou melhor, o cerimonial difere de um para outro?
5. As emoções tanto dos familiares quanto dos "amigos" são de igual intensidade, não importando a classe social do moribundo?
6. A doença que vitimou o defunto(a)influencia a permanência dos planteadores por mais tempo?

Enfim, pelo que se pode ver, um velório nunca vai ser igual ao outro. Eu tenho um compadre, o Zeca vela, que é frequentador contumaz de velórios e, após a urna ser fechada e o féretro sair da sala, ele anota tudo em um diário que carrega consigo, denominado: Diário velórico (sempre tive dúvidas se existe esta palavra). Uma tarde em que estávamos bebericando umas pingas com mortadela, ele todo eufórico disse que tinha acabado de sair de um velório de primeira grandeza. Espantado, mordi um naco daão guloseima e lhe perguntei à queima-roupa:
_ Zeca, existe diferenças entre velórios?
Sem deixar o copo na mesa foi aos trancos e barrancos me elencando uma meia dúzia de velórios, que me fez, se não doutor em coisas do além, pelo menos um professor de diploma na mão.
Após uma chupada no molar esquerdo ele começou:
_ Velório pra ser bom é necessa´rio que o defunto tenha morrido de muitos males...
_ Como assim, perguntei?
_ Ora, continuou o entendido em ritual funéreo, - Se o defunto morreu de infarto fulminante, o velório perde a graça...
_ Ainda não entendi.
_ Veja só, você chega lá pelas 10 horas da noite e após dar uma olhada no furibundo, vai dar os pêsames para o familiar mais íntimo e, então pergunta: Do que ele morreu? E, a resposta é rápida: MORREU DE INFARTO FULMINANTE. Neste exato instante acabou a conversa e o resto da noite é uma monotonia dos infernos. Já, se responde que ele levou uma martelada no dedão do pé; que virou uma ferida que necrosou; que cortou o pé e, vai subindo pelo corpo descrevendo dezenas de males, até chegar no desenlace final, já se passou a noite toda. Aí, sim, dá gosto de ficar sentado na cadeira ouvindo e saboreando os pesares do infeliz, acompanhado de dezenas de copinhos de café com bolacha.
_ Credo, quem aguenta tanta desgraça?
_ Quem gosta, como eu, ora bolas.
Então me diga, existe diferença entre velórios?
_ Claro, respondeu, entusiasmado para dissertar sobre os ritos funéreos. E, continuou _ Velório de pobre é uma chatice. Geralmente as mulheres choram com estardalhaço; usam lenço de papel higiênico e assoam o nariz com estrondo. Alta madrugada e você fica sozinho,; uns dormem, outros vão para o bar tomar pinga. O café servido é frio e acompanhado de bolachas maizena...É uma tragédia. Já velório de rico é chic... Tem sanduíches, salgadinhos, refrescos etc. Quando alguém chora é com classe e, as madames usam lenços perfumados...É outra coisa.
Confesso que após algumas digressões pelo compadre fiquei um pouco assustado e à noite, demorei para pegar no sono, fazendo planos para o meu velório. Depois de horas de insônia me fiz a seguinte pergunta: Será que o compadre Zeca vela vai falar mal do meu velório?
Quem viver, verá! e, poderá me contar quando nos cruzarmos em outra vida melhor.
Que assim, seja. Amém!

TELEFONES GRAMPEADOS & MUDANÇA NA LINGUAGEM FALADA

Pois é, após esta "onda" de telefones grampeados pela Justiça nos diversos casos de apuração de corrupção nos órgãos estatais, nas empreiteiras e
nos órgãos ligados de uma maneira ou outra aos políticos houve uma substancial mudança no uso da linguagem oral, Assim é que, quando um investigado liga para um interlocutor qualquer, algemado ou não em seus princípios de imoralidade e roubo, o mesmo responde como se fosse índio, tal como: Ah, ugh, hum, é, ahaha, naãnã, s...im, opa, arre, tá e, assim por diante. Olha o exemplo do Prefeito do Rio de Janeiro... falou mais do que devia e foi execrado pela população da simpática MARICÁ.
A amizade e lealdade desaparece quando há indícios de que o inquirido possa ser investigado pelo que fala no celular. Muitos até, preferem jogar o celular no lixo...um objeto maléfico que pode colocá-lo atrás das grades.
Quando o incauto fala mais do que deve, certamente, vai passar horas e horas em desconforto. Trêmulo, assiste o Jornal Nacional para ver se seu diálogo com o Larápio não foi gravado.
Existe, pelo que fiquei sabendo em São Paulo uma escola que está ensinando os ladrões de colarinhos brancos a atender o celular e a falar sem que seja envolvido. No primeiro dia de aula, eram 22 larápios. Hoje, saiu a lotação de tal escola: 430 alunos que não perdem uma aula por nada deste mundo. As aulas transcorrem normalmente apesar de muitas carteiras de $$$$$$ terem sido surrupiadas durante o intervalo mas, como diz o célebre ditado: " Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão"... Isto antes da presença férrea do juiz Dr. Sérgio Moro.
Em tempo: com seis meses de funcionamento a escola está sendo investigada por fornecer notas fiscais superfaturadas aos alunos políticos, que esperam receber uma "graninha" a mais dos cofres do Congresso Nacional.

segunda-feira, 28 de março de 2016

ATÉ TU, MARQUITO?

Está na UOL. Marquito, famoso comediante do programa do Raul Gil e vereador de São Paulo, exige que seus funcionários paguem um "pedágio" para ele, ou seja, quando recebem o salário devolvem mais da metade para o humorista. Só o seu motorista recebe mais de 11 mil reais mensais e deixa uma grande parcela para o larápio. O Ministério Público tá de olho no vigarista. Em quem podemos acreditar como honestos na política brasileira?
Acho que tá sobrando o Tiririca que faz parte da linha sucessória da Presidência da República como o deputado federal mais votado.
Pior do que tá?, sim, pode ficar.

domingo, 27 de março de 2016

"QUEM EMPRESTA LIVRO É LOUCO E, QUEM DEVOLVE É BOBO"

Poi não é que esta máxima teve um representante digno de ser citado? Aconteceu com uma Universidade de Dayton em Ohio -EUA. Um aluno do primeiro ano emprestou um livro - HISTORY OF THE CRUZADES - HISTÓRIA DAS CRUZADAS e, só veio a devolvê-lo 49 anos depois, quase 5 décadas após o empréstimo. Ao entregá-lo o "senhor" justificou tê-lo esquecido na estante. A Universidade resolveu perdoá-lo da multa no valor de R$ 1.500,00.
Bem, pelo menos ele o devolveu e por esta vida afora quantos e quantos emprestam livros e nunca os devolvem? Eu mesmo, já perdi centenas de livros e, o mais interessante; de que não adianta cobrar... os leitores esquecidos não fazem questão de devolvê-los.
É uma cultura que vai contra os princípios da honestidade e da divulgação da leitura, pois, quando os livros são "esquecidos", muitos outros deixam de lê-los.
Por falar nisso, amanhã vou cobrar de uma dúzia de leitores à quem emprestei livros e ainda não os devolveram.
Não é à toa que o nosso querido Brasil está capengando de pessoas compromissadas com a responsabilidade... Até quando?

sábado, 26 de março de 2016

UM DIA TRISTE!

Hoje, estou vivendo um dia triste. Triste pela perda irremediável de um grande amigo, companheiro do futebol, de jogo de truco e de muitas e muitas horas excelentes passados juntos. Estou falando do meu grande amigo "MOCOTÓ", que teve sua vida tolhida abruptamente por uma doença terrível. Eu sei que o "que tem que ser será" e, é impossível alterar o curso do que nos está reservado, mas, é sempre difícil aceitarmos esta dura realidade. Hoje, foi o meu amigo e, eu, quando será?
Para não entrarmos em uma espiral louca e sem volta de questionamentos que nunca terão respostas, o melhor a se fazer é ir vivendo o dia a dia e seguir o preceito da Bíblia: "BASTA A CADA DIA O SEU MAL; DEIXE QUE O DIA DE AMANHÃ CUIDE DE SI PRÓPRIO".
Amigo, MOCOTÓ, QUE VOCÊ REPOUSE SOB OS BRAÇOS DO EXCELSO CRIADOR, pois, você, o merece.
ADEUS!

sexta-feira, 25 de março de 2016

A VITROLA

Esquecida num canto da sala escura e sombria
Ficava a vitrola; ignorada, muda e poeirenta.
Sobre ela um bibelô imitando uma bailarina
Vertia lágrimas sujas... águas barrentas.

Tanto a vitrola quanto o inerte bibelô jaziam
Por anos a fio, sem jamais serem lembrados.
Tiveram sim, sua época áurea em que viviam
A alegrar olhos jovens de dois enamorados.

Muitas vezes dançavam ao som de discos de boleros,
Beijando-se na magia das vozes cálidas e maviosas.
Ora ou outra olhavam com admiração o bibelô
E, admiravam o móvel de mogno, da bela vitrola.

O tempo passou e, ambos se tornaram obsoletos,
Dois trastes velhos, objetos sem nenhum valor.
Pouco a pouco, desdenhados, se viram carcomidos:
A vitrola por traças; o bibelô, pela poeira incolor.

Hoje, os enamorados também se sentem impotentes
Pela ação do tempo: implacável em seu desígnio.
Um casal que não dança mais os ritmos frementes
E, nem mesmo tateia o bibelô que jaz inerte e frio.

A sala vazia de emoções permanece guardiã férrea
Da vitrola e do bibelô: ambos sempre solitários.
O casal de velhos permanece na lembrança eterna,
E, sonham o passado e acariciam os objetos lendários.



sexta-feira, 18 de março de 2016

A FORMIGA

Não era uma tarde cinzenta. O sol teimava em aparecer dentre as nuvens que começavam a se tornar escuras, anunciando para logo mais uma tempestade. Sentado no topo da colina eu me embevecia com a paisagem deslumbrante quer se descortinava à frente dos meus olhos. Rios, cascatas, árvores frondosas, relva exuberante, pássaros de cantos maviosos, pequenos roedores e uma infinidade de insetos se apresentavam como atores de primeira grandeza e, tudo para me fazer feliz.
Entorpecido com o magistral espetáculo resolvi deitar-me na relva verdejante para melhor desfrutar do raro momento de esplendor incomensurável.
E, assim o fiz.
Por muito tempo permaneci em um estado de êxtase que me levou para o paraíso. Creio que naquele momento eu experimentava a mesma sensação que Adão experimentou ao adentrar no paraíso criado por Deus.
Tudo corria maravilhosamente bem, até que...
Até que, uma formiga não muito grande e nem muito pequena escalou meu peito e se posicionou frontalmente aos meus olhos. No momento, não lhe dei a mínima atenção e, continuei, impávido a me deliciar com a soberba paisagem, acompanhada de um silêncio absurdamente alto.
Porém, pouco a pouco ela foi galgando o meu pescoço até roçar as minhas pálpebras enlanguecidas. Tomado de preguiça descomunal, consegui, com muito esforço agitar a mão e jogá-la em meu peito. Pouco tempo se passou e ela se posicionou novamente no lugar que mais lhe interessava: Frente aos meus olhos.
Sentindo que a intrusa não iria me deixar em paz, resolvi encará-la como inimiga e, assim, o procedi: Com um piparote a atirei na grama e, logo em seguida fechei os olhos para o meu deleite.
Oh, ledo engano! Quando achava que a mesma não iria mais me importunar , eis que, de um salto gracioso, ela se prendeu em meu nariz e então ela me falou ( ou penso ouvir que ela me falou), a seguinte frase:
_ Levante-se idiota, pois, você está deitado sobre dezenas de minhas irmãs!
Atônito, levantei-me agoniado e olhando para as folhas das gramíneas amassadas vislumbrei várias formigas em estado agonizante. Num impulso impensado debrucei-me até elas e as segurei em minha palma de mão, quando então, elas sorriram para mim, num gesto eloquente de agradecimento.
Tudo durou alguns segundos, pois, logo em seguida um aguaceiro desabou sobre nós e, a enxurrada de água fria levou as formigas para outras plagas e, eu, me embarafustei sob um arbusto e, cocei os olhos, procurando entender o que se passou.
Foi tudo realidade ou, apenas, sonhei?
Ah, mais tarde, no aconchego da banheira ao me lavar vi algumas nódoas no meu peito que ardiam desmesuradamente.

terça-feira, 15 de março de 2016

PROFESSOR APANHA DE ALUNO EM SALA DE AULA.

Aconteceu numa escola estadual de São José do Rio Preto. Depois que o professor chamou a atenção de um aluno por uso de celular na sala de aula, ele após voltar da Diretoria, agrediu o Mestre com uma "voadora" nas costas e com vários chuetes e socos. O professor de 59 anos teve que dar entrada no Pronto Socorro e após exames, entrou de licença médica. Outro professor sofreu uma série de agressões na mesma escola. Esta é a realidade da nossa "educação" nas Escolas Estaduais. Cada dia que passa torna-se mais uma aventura de real perigo lecionar na rede estadual. Se não bastasse a péssima conservação dos prédios; o baixo salário pago aos abnegados professores; a insuficiência de material didático e a desatenção dos órgãos públicos visando a melhoria da qualidade da educação, temos os alunos como "excelentes" baderneiros, violentos e desmotivados em sala de aula.
Enfrentar um período noturno numa escola de periferia é o mesmo que entrar numa favela gritando palavras de ordem contra o tráfico de entorpecentes; este é o trabalho do professor; um trabalho, antes, dignificado e hoje, por conta dos mentecaptos que se dizem educadores e determinam as normas que regem o ensino, um trabalho que oferece constante perigo à vida dos desprotegidos professores.
Não é à toa que o "Nobre" deputado federal Tiririca se reelegeu com mais de dois milhões de votos.
Quando a Educação não é levada a sério o que resulta é a disseminação generalizada de ladrões, corruptos e uma população acéfala.

segunda-feira, 14 de março de 2016

PRA NÃO FALAR QUE NÃO FALEI DOS ERROS CRASSOS (ALGUNS) DA LÍNGUA PORTUGUESA, E ANETTE.

Anette saiu de sua casa para ir à padaria. Ao passar por um jardim ouviu de um Don Juan qualquer a seguinte observação:
_ Essa garota devia usar saia mais curta para MIM ver as suas pernas. Atônita pelo desaforo ela acelerou os passos, até que um outro passante, disse:
_ Esse idiota é capaz de ESTRUPAR a menina e saiu assoviando.
Anette, entrou numa padaria, quando ouviu uma moça se dirigir ao empregado pedindo UMA guaraná e, em seguida dizendo que não tinha POBREMA receber outro refrigerante. Ainda assustada pelo Don Juan ela se encostou num moço de boa aparência que discutia com o seu companheiro sobre a doença de uma sua amiga, quando exclamou: _ Eu tenho UMA dó da infeliz.
Com a sacola de pães na mão, Anette, passou perto de um casal e ouviu a moça dizer: _ A QUESTÃ é a seguinte... Cabeça baixa, Anette se dirigiu para sua casa. Antes, porém, foi até a igreja rezar um Pai Nosso, quando ouviu o sacristão dizer aos berros para um fiel: _ Se não provar que eu roubei o dinheiro da missa eu vou contratar um ADEVOGADO , no que o fiel respondeu:
Se você tivesse UMA grama de fé não fazia nada errado.
Após atravessar a Rua dos Macucos, Anette deu de cara com sua Tia que lhe disse sem titubear: _ Querida sobrinha, você tá esbaforida, até parece que tá correndo da PULÍCIA e, acrescentou: _ A revista Claudia está com MENAS notícias e mais propagandas... espero que ela não TEJA no final.
Ao chegar em casa e deixar a sacola com os pães em cima da mesa, ela se dirigiu até seu quarto, pegou o dicionário e o beijou inúmeras vezes.

domingo, 13 de março de 2016

A GAROTA DO BAMBOLÊ LILÁS

A garota do bambolê lilás se exibia eufórica
Na praça da Matriz, ao lado do jardim florido.
Toda tarde ela se contorcia como uma cobra
Rodando o aro macio, mágico e colorido.

Vê-la rebolando o quadril com graça sensual
Embora, a dança fosse inocente e infantil,
Incutia em mim, que a tinha, um ídolo, sem igual,
Uma torrente de desejos no corpo tão viril.

De "shorts" cor de mel ela jogava as tranças
Pelos ombros no compasso do premiado bambolê,
Que num rodopiar frenético acariciava a anca
Sonhada da "garota" que entrava em êxtase.

Uma tarde, por um capricho dos deuses de Atenas,
Ela se perdeu no rebolado doido da cintura fina,
E, o objeto que a possuía, rodou pela suja rua
E, veio bater em minhas pernas para a minha sina.

Sem titubear aprisionei o bambolê junto ao peito
E, segui em louca corrida para o breu do meu quarto.
Lá chegando, sôfrego e trêmulo, caí sobre o leito
E, aspirei por horas o perfume do corpo adorado.

Assim, fiquei um tempo sem ir à praça do jardim florido,
Para não ter que entregar o bambolê à garota virginal.
Uma tarde, quando resolvi devolver o objeto divino
Não a encontrei. Desiludido, chorei, um choro, sem igual.

Anos se passaram, até que um dia, a encontrei num baile
Embora não me conhecesse, aceitou em dançar uma seleção.
Quando ela estava em meus braços eu sussurrei: BAMBOLÊ.
Pálida ela me olhou e disse: "Você, roubou meu coração".

Hoje, quando a neve tomou conta dos nossos cabelos,
Sentados no banco do jardim florido rememoramos
As tardes em que o bambolê dançava pelo seu corpo,
E, nos uniu, nesta vida, que hoje, felizes, celebramos.



terça-feira, 8 de março de 2016

A PETECA

A peteca voa de um lado para outro,
Impulsionada pelos tapas das moças
Que, saltitantes, agem como corças,
Quando fogem trêmulas, do leão astuto.

São garotas cujo frescor juvenil,
Enfeitam a praça e o céu cor de anil.
A peteca emplumada de penas coloridas
Dança em idas e vindas, soprada, pela brisa.

Sentado num banco do jardim contemplo airoso
Os corpos tenros das garotas dos meus sonhos,
E, mudo, para que nenhum som, as façam, distraídas,

Permito à minha alma participar da brincadeira.
Porém, tudo se desfaz, quando a mais faceira,
Grita: " Sai, bobo!" e, bate a peteca, numa carícia.

segunda-feira, 7 de março de 2016

MÁGOAS

As mágoas que trago em meu peito
São de amores que de mim, fugiram.
Trago-as como amantes em meu leito,
E, as acalento, feras, que rugiram.

Do meu peito verte o sangue carmim,
Em enxurradas que não consigo deter.
Tenho o coração roto e inerte; enfim,
Sou a alma que se vai, sem antes, morrer.

Tenho mágoas da tola crença em que cri,
Na ânsia desmedida de um dia, ser feliz.
Oh, tola inocência que me fez tolo amante,

Da sábia mulher cheia de promessas rompantes.
Hoje, só, choro, torrente de gélidas lágrimas,
E, jazo, no etéreo, ladeado, por flores de MÁGOAS.