quinta-feira, 31 de março de 2016

DOCE DE FITA


Sempre, à tarde, ela chegava no parque de diversões,
De tranças sobre os ombros e uma saia rodada.
Protegendo os seios túrgidos uma blusa de botões
Permanentemente abotoados nas "casas" intercaladas.

Trazia sobre o ventre uma caixa tingida de lilás,
Onde uma correia a mantinha pendurada no pescoço.
Nela, estavam os doces que eram vendidos na festa
Da Padroeira e, que atraíam, as moças e os moços.

Eu, sempre que a encontrava ficava rubro de timidez
E, gaguejava, ao pedir um quindim, qualquer que fosse.
Ela, sorrindo, me dizia: "Moço, tanto faz, como fez?"
E, me entregava uma cocada branca; a rainha dos doces.

Até que um dia, perdi a vergonha e pedi sem titubear
O doce que mais representava a sua beleza pálida:
Pedi um doce de fita que me fez na hora salivar,
Antevendo o sabor delicioso do inegualável "maná".

Recostado no carrossel de cavalinhos tirava pedaços
E, os comia, com requintes de um príncipe da Pérsia.
De olhos fechados sentia o sabor e o perfume próprio
Do "manjar" e, também, da moça, que vendia, doce de fita.

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