A garota do bambolê lilás se exibia eufórica
Na praça da Matriz, ao lado do jardim florido.
Toda tarde ela se contorcia como uma cobra
Rodando o aro macio, mágico e colorido.
Vê-la rebolando o quadril com graça sensual
Embora, a dança fosse inocente e infantil,
Incutia em mim, que a tinha, um ídolo, sem igual,
Uma torrente de desejos no corpo tão viril.
De "shorts" cor de mel ela jogava as tranças
Pelos ombros no compasso do premiado bambolê,
Que num rodopiar frenético acariciava a anca
Sonhada da "garota" que entrava em êxtase.
Uma tarde, por um capricho dos deuses de Atenas,
Ela se perdeu no rebolado doido da cintura fina,
E, o objeto que a possuía, rodou pela suja rua
E, veio bater em minhas pernas para a minha sina.
Sem titubear aprisionei o bambolê junto ao peito
E, segui em louca corrida para o breu do meu quarto.
Lá chegando, sôfrego e trêmulo, caí sobre o leito
E, aspirei por horas o perfume do corpo adorado.
Assim, fiquei um tempo sem ir à praça do jardim florido,
Para não ter que entregar o bambolê à garota virginal.
Uma tarde, quando resolvi devolver o objeto divino
Não a encontrei. Desiludido, chorei, um choro, sem igual.
Anos se passaram, até que um dia, a encontrei num baile
Embora não me conhecesse, aceitou em dançar uma seleção.
Quando ela estava em meus braços eu sussurrei: BAMBOLÊ.
Pálida ela me olhou e disse: "Você, roubou meu coração".
Hoje, quando a neve tomou conta dos nossos cabelos,
Sentados no banco do jardim florido rememoramos
As tardes em que o bambolê dançava pelo seu corpo,
E, nos uniu, nesta vida, que hoje, felizes, celebramos.
domingo, 13 de março de 2016
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