sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ORA - DIREIS - OUVIR ESTRELAS

" Ora ( direis ) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso" E eu vos direis, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: " Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: " Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

OLAVO BILAC
RIO DE JANEIRO - 16/12/1865 ; 28/12/1918 ( 53 anos)
Olavo Bilac foi jornalista e poeta brasileiro.
Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira número 15, cujo Patrono é Gonçalves Dias.
Foi eleito o PRÍNCIPE DOS POETAS BRASILEIROS, pela revista FON-FON em 1907.
Junto com ALBERTO DE OLIVEIRA e RAIMUNDO CORREIA, foi a maior liderança e expressão do PARNASIANISMO no Brasil, constituindo a chamada TRÍADE PARNASIANA.
A publicação de POESIAS em 1888 rendeu-lhe a consagração.
Viveu só sem constituir família até o fim de seus dias.
É o criador do HINO À BANDEIRA.

Uma breve crônica sobre o título da magnífica poesia: ORA - DIREIS - OUVIR ESTRELAS.

Sim, os poetas somos aficcionados por conversar e ouvir as estrelas do firmamento. Necessitamos como alimento para a alma e o coração dos colóquios sem fim nas noites estreladas.
Quantas vezes me dirigi a elas expondo minhas dores e agruras quando a mulher amada não entendia os meus queixumes. Oh, quanta desdita vociferei às mesmas procurando delas um conselho ou mesmo ( algumas vezes ) uma "bronca" que me fizesse enfrentar com altivez os desamores. Sim, conversamos e ouvimos as estrelas. Porém, hoje,quedo-me a pensar o que fazem os homens altamente tecnológicos, nunca poetas, com seus radios-telescópios perscrutando as vozes do Universo? Disse o renomado Príncipe dos Poetas: " Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Não consigo imaginar um cientista com fone de ouvido capaz de ouvir uma estrela... Ouvem sim, ruídos ininteligíveis... quem sabe ( imagino ) são ruídos provocados pelo ronco de meteoros brutamontes que passam zumbindo pelo universo. Ah, felizes somos os poetas que temos "ouvido para ouvir estrelas... "

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