UM POUCO DE FLORBELA ESPANCA:
Florbela d´Alma da Conceição Lobo Espanca nasceu em Vila Viçosa ( Alentejo ), em 1894. Seus primeiros versos são da época em que fez o curso secundário, em Évora, e que somente viriam a ser reunidos em volume depois de sua morte.
Malogrado seu casamento, vai para Lisboa estudar Direito e, nesse mesmo ano, 1919, publica Livro de Mágoas, que passa despercebido. Igual destino teve a obra seguinte, Livro de Soror Saudade, dado a lume em 1923. Novamente infeliz no casamento retira-se do convívio social, embora continue a escrever poesia e a publicá-la ao acaso. Recolhe-se a Matosinhos, já agora estimulada pelas renovadas esperanças de felicidade conjugal, mas seus versos entram a dar sinais de exaustão. Morre, segundos alguns estudiosos, de suicídio, em 1930.
Publicou os livros de poesia:
Livro de Mágoas, 1919; Livro de Soror Saudade, 1923; Relíquias, 1931; Charneca em Flor, 1929;
E os contos: As Máscaras do Destino,1931; Dominó Negro, 1931.
Característica: Portadora de uma insaciável sede de amar, logo convertida em ideário de vida, tem início sua dolorosa tragédia: a impossibilidade de expressar, à perfeição este estado de alma.
VAIDADE
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade.
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
A MAIOR TORTURA
A um grande poeta de Portugal
Na vida, para mim, não há deleite,
Ando a chorar convulsa noite e dia...
E não tenho um sombra fugidia
Onde pouse a cabeça, onde me deite!
E nem flor de lilás tenho que enfeite
A minha atroz, imensa nostalçgia!...
A minha pobre Mãe tão branca e fria
Deu-me a beber a Mágoa no seu leite!
Poeta, eu sou um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés,
Sou, como tu, um riso desgraçado!
Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta como tu és,
Para gritar num verso a minha dor!..
domingo, 1 de novembro de 2009
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Como lamento nao ter conhecido este blog ha mais tempo, pois alem de conhecer a alma de um poéta, ainda podemos aprender muito sobre a vida de escritores, quando estive em Portugal na Regiao do Alentejo, na cidade de Evora - patrimonio mundial por suas raizes romanas, em visita a seus sitios arqueologicos da pré-historia e ruinas romanas, tambem teria interesse em conhecer profundamente a vida e obras de Florbela, poetisa de uma regiao encantadora, onde o sol e mais dourado, regiao detentora de 40% do mercado vinicola de Protugal. Florbela nasceu dia 08/12. No Brasil este dia é feriado nacional em comemoracao a N.Sa.Aparecida. Um grande abraco poeta
ResponderExcluirJojoca
Poeta
ResponderExcluirQue deleite saborear versos tão profundos e através deste blog e de sua sensibilidade você trazê-los á público.Pelo histórico a poetisa suicidou-se mas sempre teremos poetas que como você,jamais cairão no esquecimento.Permita-me colocar um verso que com certeza traduzirá o que gostaria de escrever.
"DESTRÓI-SE O PÁSSARO,
NÃO SE DESTROI A AVE.
DESTRÓI-SE O SOM,
NÃO SE DESTRÓI A PALAVRA.
DESTRÓI-SE A VIDA,
NÃO SE DESTRÓI A EXISTÊNCIA.
DESTRÓI-SE O AZUL,
NÃO SE DESTRÓI O CÉU"