Nostalgias... que sei eu das lembranças que vivem
Enclausuradas na masmorra de minha pobre alma,
São cenas de filmes em preto e branco que somem
Na névoa cinzenta dos neurônios: doentes células.
Nostalgias... rasgos de um sol que nunca se pôs
No ocaso das recordações que teimam em me trucidar.
Às vezes, sinto que se recordar terei um porto,
Ou, mesmo, uma pedra em que possa me amarrar.
Nostalgias... Um tango que vive na voz de Gardel
Na penumbra enovelada de rolos de fumaça escura.
Nos cantos, nas mesas sujas de pó, vê-se o farnel,
Dos desesperados, que não mais recordam, suas agruras.
Nostalgias... Nada sei do que nunca vivi, por ser só.
Apenas, um transeunte, da senda dos pobres descerebrados.
Tento, desmedidamente, recordar o incerto e tão surreal,
Que chego, a chorar, a gemer, tentando ser, um ser, concreto.
Nostalgias... A voz maviosa penetra-me pelos poros corporal
Atingindo a alma que não sabe se viveu ou morreu de tédio.
Inerte, deito-me e, jazo, possuído por uma modorra magistral
E, recordo, ou penso recordar de quando vivi um tempo régio.
Nostalgia... No espelho manchado de batom do salão grená,
Contemplo minha imagem dilacerada como se fora um espectro.
Que me importa se nada recordo? Basta-me ter a alma em paz
E, sair pelos becos, cantarolando NOSTALGIAS; o meu TANGO.
quinta-feira, 12 de maio de 2016
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