segunda-feira, 2 de maio de 2016

O ANEL DE FORMATURA

O dedo anular da mão direita não destoava do conjunto:
Era fino e terminava ostentando uma bela unha comprida,
Sempre pintada de rosa, como as demais, formando o todo
Que me cativava e, me lanhava, em inocentes carícias.

Normalista que era, a garota dos meus sonhos, uma noite,
Em que, nos amávamos, a luz do luar, num banco de jardim,
Pediu-me dengosa, em sua formatura, um anel de presente;
Um anel que marcasse a data e, o nosso amor, sem fim.

Os anos se passaram e a data chegou como num sopro outonal,
Levando-me a visitar joalherias em busca da joia reluzente.
Após tanto procurar encontrei o anel mais belo, sensacional,
E, despindo das economias o comprei e, me fiz, contente.

O baile estava apinhado de formandos e, eu, enlaçado nela
Rodopiava como se estivesse num carrossel desgovernado.
Ela, colando o rosto em meu rosto arguiu-me da promessa,
Que a ela fizera numa noite de beijos sufragados.

Sem titubear, embora a emoção marcasse os meus movimentos
Retirei do bolso um delicado estojo de veludo vermelho.
Esbaforida, porém, graciosa, abriu-o com as mãos tremendo
E, num arroubo de felicidade colocou o anel no lindo dedo.

Tempos se passaram e a minha normalista nas tardes gris
Ostenta sempre o anel de formatura que uniu nossas vidas.
Hoje, apesar dos estragos feitos pelo uso constante do giz
Ainda admiro os dedos e as unhas pintadas de cores vivas.

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